Casamento homossexual: uma lei para 860 pessoas
Obras públicas, trabalho e casamento entre homossexuais. Foram assim enunciadas as prioridades do XVIII Governo Constitucional.
À boca pequena, vai-se dizendo que o PS queria decidir a questão antes da visita papal ou que preferia tomar a decisão longe de eleições. Achei tudo extraordinário. Conclusões e questões decorrentes:
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1. O Governo considera que mais importante do que a Educação, é legislar o casamento entre homossexuais, um assunto que dirá respeito a cerca de 860 pessoas, extrapolando dos números das uniões gays em Espanha. Tendo em conta que tudo depende da Educação, do desenvolvimento do País ao combate ao desemprego, acho que merece reflexão. Será que se esqueceram que os indicadores deixam claro que o insucesso e o abandono escolar são os mais altos da Europa? Que os resultados dos nossos alunos em avaliações, como por exemplo o PISA, ainda estão muito longe do desejado?
2. O Governo considera que legislar o casamento entre homossexuais é mais urgente do que atender à saúde dos portugueses. Isto quando o SNS corre sérios riscos, e uma grande percentagem dos portugueses continua sem médico de família, etc., etc. e etc. ... Interessante, no mínimo.
3. O Governo considera que esta legislação «entra» à frente dos problemas da Justiça, num país onde o processo Casa Pia está há quase uma década na barra dos tribunais e os portugueses dão mais crédito à comunicação social (e aos candidatos autárquicos condenados) do que às decisões dos juízes? É estranho. E a lista podia continuar infindável.
As boas notícias
Há um conjunto de cidadãos que devem estar felizes com a decisão de acelerar esta lei. Refiro-me aos que vivem em uniões de facto hetrosexuais ou homossexuais, e que o Governo anterior quase obrigou a casarem. A legislação que Cavaco vetou era, na prática, uma «segunda via» do casamento, um remendo para o PS se autojustificar junto dos eleitores homossexuais. Agora, pelo menos, as intenções são às claras, e as opções mantém-se.
86 comentários
Remeto-a para esta pequena gema de ironia. Ninguém falou melhor do que esta pequena cantiga (quase cantiguinha) sobre a actual legislação estúpida, cruel e homofóbica acerca do casamento gay
Na civilização ocidental, a moralidade anti-homossexual é relativamente recente e tem menos tempo de existência do que os povos que aceitavam e incentivavam o comportamente homossexual. Mais concretamente, a moralidade anti-homossexual tem as suas raízes na cultura judaico-cristã e teve o seu máximo durante a época vitoriana.
Pessoalmente creio que é apenas por comodidade ou ignorância que alguém pode considerar que a moralidade constitui argumento para diminuir ou restringir o direito ao amor homossexual. Historicamente, a moralidade humana é consideravelmente a favor da homossexualidade. Quer pela sua aceitação nas mais diversas culturas humanas, quer pela sua duração ao longo das épocas históricas. É fácil para os detractores da homossexualidade citarem exemplos de moralidade baseados em algumas centenas de anos esquecendo os milhares de anos de história humana. Actualmente vivemos uma época de ressurgimento da aceitação homossexual e quer queiramos quer não, a tentência tem sido, em cada vez mais países em todo o mundo, como é o caso do nosso país, de uma moralidade que mais uma vez aceita a homossexualidade. A continuar no mesmo sentido, o mundo ocidental caminha para uma total aceitação moral e legal da homossexualidade. O que diriam os detractores da homossexualidade se, no futuro, numa sociedade que maioritariamente aceita a homossexualidade, se restringissem os direitos aos heterossexuais? Que diriam essas pessoas se apenas lhes fosse permitido manter contacto sexual com o sexo oposto unicamente com o intuito da reprodução?
Há que ter muito cuidado ao invocar as questões morais porque estas são extremamente volúveis e nunca são geradoras de consenso.
Um serial killer ou um pedófilo representam uma séria ameaça para o resto das pessoas. Devem, portanto ser separados do resto da sociedade. É por esse motivo que pedófilos e serial killers são punidos pelos seus comportamentos.
Um indivíduo homossexual não representa qualquer perigo para os restantes indivíduos. Desconheço qualquer efeito negativo que um homossexual possa ter sobre qualquer outra pessoa. Um homossexual não força a sua sexualidade sobre ninguém, nem a sexualidade pode ser ensinada. Um homossexual trabalha, paga impostos e é um indivíduo activo na sociedade como qualquer outro. Em relação à questão de quem define o que é uma doença do foro psiquiátrico, é a comunidade internacional de medicina psiquiátrica que faz a definição. E esta comunidade, que inclui pessoas de todos os sexos, credos, raças e orientação sexual, está perfeitamente de acordo que a homossexualidade não é nem comportamernto desviante nem desiquilibrio psicológico. É um comportamento natural que indicam os estudos existe entre uma enorme lista de animais (aves, peixes, répteis e mamíferos). A homossexualidade é um comportamento com raizes na evolução natural dos seres vivos e existe desde muito antes de ter surgido o Homo sapiens no planeta Terra.
Será o serial killer uma escolha ou opção pessoal?
Porquê então lhes limitamos a acção, as vontades e a liberdade de fazer o que querem?
Porque são doentes?
Quem faz ou fez essa separação entre o que é ser uma doença do foro psiquiátrico ou não?
Terá sido algum homossexual?
Desculpem mas a pergunta faz todo o sentido.
Deveria ser reconhecido por todos o que na verdade significa ser homosexual e a sua visão algo diferente da sociedade e do mundo.
Claro que isto não quer dizer que devam ser descriminados e devem ter os mesmos direitos do cidadão comum mas, isso não implica o casamento.
Há outras formas de resolver o assunto sem distorcer ainda mais uma sociedade já tão necessitada de valores.
A questão dos filhos essa é melhor nem falar pois acho que já chega de crianças com valores distorcidos e problemáticas e que ninguém se iluda acerca dos amores verdadeiros entre pessoas do mesmo sexo.
Têm os mesmos problemas que as pessoas de sexos opostos têm com a agravante de serem mais radicais e agressivos quando as divergências surgem o que, pode acontecer a qualquer momento.
Há um mito em todo o mundo que as relações entre pessoas do mesmo sexo são mais puras e os sentimentos mais profundos.
Grande treta, desculpem.
São dessa forma enquanto têm a necessidade de se proteger mutuamente das, reais, agressões e descriminações externas quando existem mas, tão pronto elas cessem...não são mais do que duas pessoas com os mesmos problemas que todos os outros com a já mencionada agravante de os viverem com mais intensidade e radicalismo.
Quanto ao resto...
Por favor...
Então este país não tem assuntos muito mais importantes e mais urgentes para resolver do que questões destas????
A realidade é que se perdermos tempo com estes assuntos e não tratarmos dos outros, não vai haver casamentos nem vida para ninguém.
Essa é a nossa realidade.
Homossexuais?
Querem viver em comum?
Que o façam e que se crie um estatuto como o da união de facto para resolver o problema e lhes dar os direitos iguais aos de um casal normal mas, por favor, deixem de uma vez por todas de distorcer a nossa já tão mal tratada realidade e vida.
DEIXAMO-NOS DE HIPOCRISIA.
SÃO MAIS QUE ÁS MÃES.
PODEM SER VOSSOS MARIDOS, FILHOS,PRIMOS, AMIGOS,PAIS,ETC.
QUE AGORA COM OS CASAMENTOS GAY, PODEM SAIR DO ARMÁRIO.
AGUENTEM-SE.
é com muita preocupação que leio o seu editorial num dos diários de maior divulgação no país. Prezo o direito à opinião e à diferença, mas considero que a sua manifestação deve ser feita com responsabilidade e verdade.Como editora tem uma responsabilidade acrescida, a de divulgar a opinião sustentada em factos (a comunidade LGBT não é constituída por 860 pessoas e esta lei inscreve-se numa questão de direito constitucional, que diz respeito a todos), e a obrigação de evitar falsos pressupostos (a prioridade de um assunto não pressupões a inexistência de outro). A Educação que defende começa em si, na mensagem que passa a quem a lê. Educar para a discriminação não é só grave, como vai contra todos os esforços que têm sido feitos a nível europeu, comunidade a que, quer queira, quer não, pertencemos.
Este editorial também deveria merecer a sua reflexão.
NÃO TENHAM MEDO QUE OS VOSSOS FILHINHOS VEJAM 2 PESSOAS DO MESMO SEXO A SE ACARICIAREM NA RUA, POIS A SEXUALIDADE NÃO SE CONTAGIA, POIS SE ASSIM FOSSEMOS ERAMOS TODOS HETEROSSEXUAIS.
CRESÇAM.
NÃO VÃO SER CONVIDADOS.
Temos que começar abrir os olhos, os gays são pessoas activas na sociedade, contribuem para o governo, pagam impostos como toda a gente e ainda são discriminados? Tem o mesmo direito em casar como eu quer seja no registo como no religioso, ( ou Deus também vai fechar a porta? ) Já está na hora de deixar esses pensamentos mesquinhos e evoluir, temos muita coisa para resolver neste pais, mas isso sempre tivemos!
QUE HIPOCRISIA.
CHAMA-SE HIPOCRISIA.
TIREM A IGREJA DAS VOSSAS CABEÇAS.AMEM DEUS.O DEUS QUE AS IGREJAS DEFENDEM NÃO É O DEUS VERDADEIRO DA VIDA.
LIVREM -SE DAS RELIGIÕES.
DEUS AGRADEÇE.
Por favor não ligue a tudo o que lhe dizem, sobretudo se for negativo. Isso é natural para quem se expõe, e a Isabel sabe. Faz favor de ficar por cá e de não voltar (de vez) para a sua muito linda Irlanda (que eu tanto gostei de conhecer, nas duas semanas que há um ano a meio lá passei). Como eu, muito mais gente gosta de ler o que escreve. Pelo que escreve e como escreve, conhecendo tão bem a realidade portuguesa, creio que a Irlanda terá perdido uma Isabel ... a favor de Portugal. Repito: continue por cá e se se ausentar, por favor ... volte!
Expliquem-me.
A LEI DESCUTE-SE NUMA HORA NA ASSEMBLEIA DA REPUBLICA, COMO VÊ AINDA FICA MUITO TEMPO PARA OUTROS ASSUNTOS.
OU A SUA CRITICA AOS CASAMENTOS GAY SERAM DE ORDEM RELIGIOSA?
Grande desilusão ao ler este seu artigo. De uma ponta à outra, é pura demagogia e preconceito.
Não, ninguém é ou alguma vez será obrigado a casar, mas é uma opção que deve estar acessível a tod@s @s Portugues@s, sem excepção, e só assim se levará à prática aquilo que diz a nossa constituição, artigo 13º.
O que não sei é com quem? Parece que é com alguém do Show Bicha.
Será o Valentim Loureiro ou o Sócrates?
Sou leitor assíduo do jornal Destak e da sua coluna editorial, com a qual simpatizo. No entanto, a coluna de quinta-feira, dia 5 de Novembro de 2009, revelou-se deveras lamentável.
Começa logo pelo título: “Casamento homossexual: uma lei para 860 pessoas”. Sei que teve em conta o número de casamentos homossexuais praticados em Espanha desde a sua aprovação em 2005 para extrapolar para a realidade portuguesa. Devo primeiro que tudo esclarecê-la que esta lei não diz respeito apenas àqueles que querem ou irão efectivamente casar após aprovação da lei. O que está em causa nesta legislação é a liberdade de escolha que todos os cidadãos homossexuais portugueses poderão fazer daí em diante, optando livremente por casar ou não casar. Esta é portanto uma lei que diz respeito a muito mais que 860 pessoas!
A coluna continua enumerando tópicos que, na sua opinião, são prioritários relativamente ao casamento homossexual, nomeadamente a Educação, saúde e Justiça.
Ora, legislar nesta temática é educar, não só os jovens alunos mas toda a população, educar contra a discriminação e preconceito.
No que diz respeito à saúde, e se a memória não me atraiçoa, julgo ter lido por várias vezes os seus conselhos para darmos valor aos pequenos detalhes da vida, almejando a felicidade, porque ao sermos mais felizes somos também mais produtivos e saudáveis. Pois bem, a impossibilidade de duas pessoas que se amam manifestarem a sua união perante a sociedade é do que mais angustiante, degradante e triste pode haver.
E sim, este é um tema gritante do estado da nossa Justiça. Estas pessoas (homossexuais naturalmente, uma vez que as heterossexuais a nada estão impedidas) são severamente injustiçadas, vendo os seus direitos básicos serem espezinhados diariamente. Caso duvide, leia o artigo 13º (Princípio da igualdade) da VII revisão constitucional (de 2005) da Constituição da República Portuguesa: “Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça, língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual”. Desta forma, legalizar o casamento homossexual é um passo maior para sanar a nossa Justiça!
É compreensível que quem não se depara com esta situação na primeira pessoa possa achar que esta não deve ser uma prioridade, nem agora, nem nunca, mas, em suma, a sua opinião é o reflexo do preconceito generalizado e enraizado na sociedade portuguesa, de que os homossexuais são cidadãos de segunda, uma minoria que ao contrário de muitas outras, nem deve ter quem lute pelos seus direitos.
cresça, senhora doutora. e meta-se na sua vida!
Acho lamentável que decidir se pessoas casam ou não seja algo tão relevante, e depois andamos a ver gestores e políticos metidos em mais vigarice e ninguém faz nada por isso... Abram os olhos.
O nexo não é com certeza o seu forte...
Há tantas coisas que precisam ser mudadas em Portugal...
Dentro da sua lógica e do seu raciocínio, digo-lhe que tenho tanto respeito por uma pessoa que tem o quadro do menino com a lágrima no canto do olho, como por quem tem um Picasso, é uma questão de igualdade de tratamento, percebe?
E para terminar, não me trate por "TU" que eu não o conheço e considero esse tratamento de uma grande falta de educação.
860 pessoas? Andou a contar os homossexuais em Portugal?
Já agora, as minorias não devem ter direitos como os outros? Eu penso que sim