Janeiro 21 2015

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Muitos me manifestaram o seu desagrado, perplexidade ou indignação com as palavras do Papa em Manila.

Não é minha intenção defender o Papa. Estes dias todos somos acérrimos defensores da liberdade de expressão... Nem creio que tão pouco ninguém duvidará da minha defesa do casamento igualitário, nem da causa LGTBI.

Creio que há uma premissa principal: unir ideologia colonizadora com casamento igualitário, é no meu entender precipitado: melhor, relativismo, cultura do efémero, e não abertura à vida referem-se à mudança, que se está dando na Ásia, da cultura familiar do Ocidente com as políticas anti-natalidade, o divórcio express, os anticoncecionais, etc. Mas creio que em nenhum momento há de ser um discurso tão eufórico para uns e tão desalentador para outros.

Aí vão as minhas reflexões para quem tenha tempo e vontade de dialogar, porque para Sócrates o diálogo é o único caminho de chegar à verdade...

Aí vai...

Não vou a entrar no que o Papa realmente pensa e não diz e diz e não pensa. Mas sim, quero comentar o que diz e o que não diz.

Creio que é a única, ou talvez das pouquíssimas vezes, que num discurso oficial sobre a família, não se fala de que a única, a de verdade, é a formada por um homem e uma mulher. Compreende-se, mas já não se insiste. É uma ausência, que num discurso de um Papa defendendo a “família tradicional”, é tudo menos curiosa. Estarão começando a entender que há outras famílias?

Mas não me quero deter nas ausências, que as há, mas nos novos acentos, que não necessariamente negam outros, mas recalcam estes, que até agora pareciam ficar na sombra, e quem sabe são a substância do matrimónio “cristão”.

Família, Igreja doméstica onde se reza, se vive a fraternidade e a entrega: “Onde primeiro aprendemos a rezar é na família. Ali conseguimos conhecer Deus, crescer como homens e mulheres de fé, ver-nos como membros da grande família de Deus, a Igreja. Na família aprendemos a amar, a perdoar, a ser generosos e abertos, não fechados e egoístas. Aprendemos a ir mais além das nossas próprias necessidades, para encontrar os outros e partilhar as nossas vidas com eles. Por isso é tão importante rezar em família. Por isso as famílias são tão importantes no plano de Deus sobre a Igreja. Crescer com Jesus e Maria”. O substancial do discurso familiar é se na comunidade familiar se dá o amor cristão em todas as suas vertentes. Por muito canónico que seja um casamento, e por muitos filhos que tenham, e muito fieis que sexualmente sejam, se não se dá em plenitude o amor cristão, pode-se falar de família cristã? A esta abordagem respondo dizendo que se a família cristã é isso, a família LGTB também, portanto onde o amor cristão se viva em plenitude poderemos acrescentar o adjetivo cristão independentemente da orientação sexual dos que formem essa comunidade de vida.

Quero parar agora, ainda que brevemente, no parágrafo que mais encheu de euforia os conservadores: “A família vê-se também ameaçada pela crescente tentativa, por parte de alguns, de redefinir a própria instituição do casamento, guiados pelo relativismo, pela cultura do efémero, pela falta de abertura à vida. O nosso mundo necessita boas e fortes famílias para superar estes perigos. Filipinas necessita de famílias santas e unidas para proteger a beleza e a verdade da família no plano de Deus e para que sejam um apoio e exemplo para outras famílias. Toda a ameaça para a família é uma ameaça para a própria sociedade”. No casamento igualitário não se dá uma redefinição do casamento, mas há uma semelhança tão grande que por analogia se toma emprestado o nome de casamento, mas em nenhum momento se redefine, antes se amplia o significado, se assimilam.

Sim, são problemas essa tendência relativista ao considerar o casamento um simples contrato, o efémero do compromisso e o egoísmo. E também são problemas e muito reais, ainda que até agora muito pouco denunciados pelo magistério: “A situação económica provocou a separação das famílias por causa da migração e a procura de emprego, e os problemas financeiros caiem sobre muitos lares. Se, por um lado, demasiadas pessoas vivem em pobreza extrema, outras, pelo contrário, estão presas pelo materialismo e por um estilo de vida que destrói a vida familiar e as mais elementares exigências da moral cristã”. Aqui também todos nos podemos ver retratados, tanto a família “tradicional” como as famílias LGTB.

Já para terminar, referir-se ao casamento igualitário nas Filipinas onde há apenas um ano se aprovaram os anticoncecionais, e onde não existe o divórcio legal parece improvável. Parece mais referir-se às últimas tentativas de legalizar o divórcio e a redução do número de filhos.

Se a alguém ajuda, tranquiliza ou consola continuar pensando no Papa Francisco como Papa bom, ainda que o ressentimento de alguns e a necessidade de outros de o fazer mau, quer apressar-se a proclamar a sua homofobia. Creio que neste caso, não há matéria para chegar a tanto.

 

Tradução (do espanhol): Aníbal Liberal Neves

Autor: Gonzalo Rodriguez Lorenzo

Texto original: aqui.

publicado por: Rumos Novos - Homossexuais Católicos às 10:08

Junho 26 2014

 

III ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA DO SÍNODO DOS BISPOS

OS DESAFIOS PASTORAIS DA FAMÍLIA 
NO CONTEXTO DA EVANGELIZAÇÃO

INSTRUMENTUM LABORIS

 

Reconhecimento civil

110. Nas respostas das Conferências Episcopais acerca das uniões entre pessoas do mesmo sexo, há referências ao ensinamento da Igreja. «Não existe nenhum fundamento para equiparar ou estabelecer analogias, mesmo remotas, entre as uniões homossexuais e o plano de Deus sobre o matrimónio e a família. [...] No entanto, os homens e as mulheres com tendências homossexuais “devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Deve evitar-se, para com eles, qualquer atitude de injusta discriminação”» (CDF, Considerações sobre os projectos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais, 4). Das respostas pode-se deduzir que o reconhecimento por parte da lei civil das uniões entre pessoas do mesmo sexo depende em grande parte do contexto sociocultural, religioso e político. As Conferências Episcopais assinalam três contextos: um primeiro é aquele no qual prevalece uma atitude repressiva e penalizadora em relação ao fenómeno da homossexualidade em todos os seus aspectos. Isto é válido de modo particular onde a manifestação pública da homossexualidade é proibida pela lei civil. Algumas respostas indicam que também neste contexto existem formas de acompanhamento espiritual de indivíduos homossexuais que procuram a ajuda da Igreja.

 

111. Um segundo contexto é aquele em que o fenómeno da homossexualidade apresenta uma situação fluida. O comportamento homossexual não é punido, mas tolerado somente enquanto não se torna visível ou público. Neste contexto, geralmente não existe uma legislação civil relativa às uniões entre pessoas do mesmo sexo. Mas especialmente no Ocidente, no âmbito político, existe uma orientação crescente em vista da aprovação de leis que prevêem as uniões registadas ou o chamado matrimónio entre pessoas do mesmo sexo. A favor de tal visão aduzem-se motivos de não discriminação; atitude que é entendida pelos crentes e por grande parte da opinião pública, na Europa centro-oriental, como uma imposição por parte de uma cultura política ou alheia.

 

112. Um terceiro contexto é aquele em que os Estados introduziram uma legislação que reconhece as uniões civis ou os matrimónios entre pessoas homossexuais. Existem países nos quais se deve falar de uma verdadeira redefinição do matrimónio, que reduz a perspectiva sobre o casal a alguns aspectos jurídicos como a igualdade dos direitos e da “não-discriminação”, sem que haja um diálogo construtivo sobre as relativas questões antropológicas, e sem que no centro esteja o bem integral da pessoa humana, de modo particular o bem integral das crianças no seio destas uniões. Onde existe uma equiparação jurídica entre matrimónio heterossexual e homossexual, o Estado muitas vezes permite a adopção de filhos (filhos naturais de um dos parceiros, ou filhos nascidos através de fecundação artificial). Este contexto está particularmente presente na área anglófona e na Europa central.

 

A avaliação das Igrejas particulares

113. Todas as Conferências Episcopais se expressaram contra uma “redefinição” do matrimónio entre homem e mulher, através da introdução de uma legislação que permita a união entre duas pessoas do mesmo sexo. Existem amplos testemunhos dados pelas Conferências Episcopais acerca de um equilíbrio entre o ensinamento da Igreja sobre a família e uma atitude respeitosa e não julgadora em relação às pessoas que vivem nestas uniões. No seu conjunto, tem-se a impressão de que as reacções extremas a tais uniões, tanto de condescendência como de intransigência, não facilitaram o desenvolvimento de uma pastoral eficaz, fiel ao Magistério e misericordiosa para com as pessoas interessadas.

 

114. Um factor que indubitavelmente interroga a acção pastoral da Igreja e torna complexa a busca de uma atitude equilibrada em relação a esta realidade é a promoção da ideologia do gender, que nalgumas regiões tende a influenciar até o âmbito educacional primário, difundindo uma mentalidade que, por detrás da ideia de remoção da homofobia, na realidade propõe uma subversão da identidade sexual.

 

115. A propósito das uniões entre pessoas do mesmo sexo, muitas Conferências Episcopais oferecem diversas informações. Nos países em que existe uma legislação das uniões civis, muitos fiéis exprimem-se a favor de uma atitude respeitosa e não julgadora em relação a estas pessoas, e em benefício de uma pastoral que procure acolhê-las. No entanto, isto não significa que os fiéis estão a favor de uma equiparação entre matrimónio heterossexual e uniões civis entre pessoas do mesmo sexo. Algumas respostas e observações exprimem a preocupação de que o acolhimento na vida eclesial das pessoas que vivem nestas uniões poderia ser interpretado como um reconhecimento da sua união.

 

Algumas indicações pastorais

116. A respeito da possibilidade de uma pastoral a favor destas pessoas, é necessário distinguir entre aquelas que fizeram uma escolha pessoal, muitas vezes atormentada, e que a vivem com delicadeza para não dar escândalo aos outros, e um comportamento de promoção e publicidade concreta, frequentemente agressiva. Muitas Conferências Episcopais sublinham que, sendo o fenómeno relativamente recente, não existem programas pastorais a este propósito. Outras admitem um certo embaraço diante do desafio de ter que conjugar acolhimento misericordioso das pessoas e afirmação do ensinamento moral da Igreja, com uma cura pastoral apropriada, que inclua todas as dimensões da pessoa. Alguns recomendam que não se faça coincidir a identidade de uma pessoa com expressões como “gay”, “lésbica” ou “homossexual”.

 

117. Muitas respostas e observações exigem uma avaliação teológica que dialogue com as ciências humanas, para desenvolver uma visão mais diferenciada do fenómeno da homossexualidade. Não faltam pedidos de que se aprofunde, também através de organismos específicos, como por exemplo as Pontifícias Academias das Ciências e para a Vida, os sentidos antropológico e teológico da sexualidade humana e da diferença sexual entre homem e mulher, capaz de fazer face à ideologia do gender.

 

118. O grande desafio será o desenvolvimento de uma pastoral que consiga manter o justo equilíbrio entre acolhimento misericordioso das pessoas e acompanhamento gradual rumo a uma autêntica maturidade humana e cristã. Neste contexto, algumas Conferências Episcopais fazem referência a determinadas organizações como modelos bem sucedidos de tal pastoral.

 

119. De modo cada vez mais urgente, apresenta-se o desafio da educação sexual nas famílias e nas instituições escolares, particularmente nos países onde o Estado tende a propor, nas escolas, uma visão unilateral e ideológica da identidade de género. Nas escolas ou nas comunidades paroquiais dever-se-iam activar programas formativos para propor aos jovens uma visão adequada da maturidade afectiva e cristã, nos quais enfrentar também o fenómeno da homossexualidade. Ao mesmo tempo, as observações demonstram que ainda não existe um consenso na vida eclesial, a respeito das modalidades concretas do acolhimento das pessoas que vivem em tais uniões. O primeiro passo de um processo lento seria o da informação e da identificação de critérios de discernimento, não somente a nível dos ministros e dos agentes pastorais, mas também no plano dos grupos ou movimentos eclesiais.

 

Transmissão da fé às crianças em uniões de pessoas do mesmo sexo

120. Deve-se relevar que as respostas recebidas se pronunciam contra uma legislação que permita a adopção de filhos por parte de pessoas em união do mesmo sexo, porque vêem em perigo o bem integral do filho, que tem direito a ter uma mãe e um pai, como foi recordado recentemente pelo Papa Francisco (cf. Discurso à Delegação do departamento internacional católico da infância, 11 de Abril de 2014). Todavia, caso as pessoas que vivem nestas uniões peçam o baptismo para o filho, as respostas, quase unanimemente, ressaltam que o filho deve ser acolhido com as mesmas atenção, ternura e solicitude que recebem os outros filhos. Muitas respostas indicam que seria útil receber directrizes pastorais mais concretas para estas situações. É evidente que a Igreja tem o dever de averiguar as condições reais em vista da transmissão da fé ao filho. Caso se alimentem dúvidas racionais sobre a capacidade efectiva de educar cristãmente o filho por parte de pessoas do mesmo sexo, garanta-se o apoio adequado – como de resto é exigido de qualquer outro casal que pede o baptismo para os seus filhos. Neste sentido, uma ajuda poderia vir também de outras pessoas presentes no seu ambiente familiar e social. Nestes casos, a preparação para o eventual baptismo do filho será particularmente cuidada pelo pároco, também com uma atenção específica na escolha do padrinho e da madrinha.

publicado por: Rumos Novos - Homossexuais Católicos às 21:17

Dezembro 06 2013
Nelson Mandela

Nelson Mandela viveu tempo suficiente para alcançar o tipo de respeito que poucos líderes políticos conseguem alguma vez alcançar. Mas também, poucos líderes políticos foram tão transformadores como Mandela, que lutou não somente contra um sistema que institucionalizou o racismo, mas também orientou a sua transição pacífica para a democracia.

 

Um dos legados mais importantes de Mandela será o seu apoio aos direitos das pessoas homossexuais. Mandela fez questão de identificar os assuntos relacionados com as pessoas homossexuais como parte integrante do movimento dos direitos civis. A Mandela se fica a dever a tarefa monumental de cura das feridas causadas por anos de apartheid e é também dele a eterna gratidão de ter tido a visão suficiente para se aperceber de que todas as formas de discriminação se encontram relacionadas.

 

Aqui estão seis exemplos da liderança de Mandela que lhe granjearam um lugar de honra na história do movimento homossexual.

 

Conduziu a África do Sul a tornar-se no primeiro país no continente africano a banir a discriminação em relação às pessoas homossexuais. Mandela foi a voz da antidiscriminação desde o início da sua presidência, em 1994. O país acabou por banir a discriminação em 1998.

 

Foi um líder a favor da igualdade no casamento muito antes de este ser um assunto popular. Mandela nunca teve de evoluir em relação à igualdade no casamento. Ela já o apoiava há vinte anos atrás. Em resultado disso, a África do Sul tornou-se o primeiro país em África e o quinto no mundo a reconhecer a igualdade no casamento em 2006.

 

Pôs as suas palavras em ação. Mandela não falou somente de cor em relação aos assuntos envolvendo as pessoas homossexuais. Manifestou igualmente a vontade de nomear homossexuais para alto cargos, num tempo em que o país era bem menos concordante em relação aos homossexuais. Entre as suas primeiras nomeações encontra-se Edwin Cameron, que chegou a juiz do Supremo Tribunal da África do Sul.

 

Foi um exemplo para outros países. A homofobia permanece um problema em muitas outras nações africanas, porém a autoridade de Mandela foi tal que a sua contra-argumentação reduziu à vergonha a repressão sancionada por esses estados.

 

Mostrou ao mundo como é que as coisas podem ser feitas. A nação que Mandela ajudou a forjar a partir das ruinas do apartheid conseguiu a igualdade no casamento muito antes que muitas das democracias ocidentais. Em muitos aspetos o país esteve à frente na defesa dos direitos das pessoas homossexuais, pelo menos do ponto de vista político.

 

Embora a África do Sul não seja exatamente um paraíso para as pessoas homossexuais, pois o assassínio e a homofobia permanecem fontes de preocupação em algumas zonas do tecido do país, não há margem para dúvida que o país – e o mundo – avançou muito mais na defesa dos direitos das pessoas homossexuais do que teria acontecido se Mandela não tivesse abraçado a causa.

 

Por isso, as pessoas homossexuais têm para com ele uma enorme dívida.

 

Descansa em paz, Madiba!

 

 

Texto orginal: Queerty

Tradução e adaptação: José leote

publicado por: Rumos Novos - Homossexuais Católicos às 13:17

Novembro 16 2013

No meio dum inquérito do Vaticano sobre a família, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou hoje uma Carta Pastoral a propósito da ideologia de género. Esta Carta Pastoral demonstra uma profunda ausência de visão profética, já para não falar de amor. Apelando novamente à marginalização das pessoas católicas homossexuais, a CEP perpetua o mal, a injustiça e a opressão, violando assim a sua própria aliança batismal e originando um dano profundo nas pessoas homossexuais católicas em toda a igreja.

 

Hoje sinto vergonha da minha igreja.

 

A Igreja deveria estar na linha da frente na defesa da inclusão, da justiça e do amor e não na participação no abuso sistemático e da violência verbal em relação às pessoas homossexuais. Em vez de se arrepender deste pecado histórico e continuado, a igreja e os seus bispos publicam uma Carta Pastoral que não somente falha em estar de acordo com o Evangelho, mas de facto continua a minar o testemunho e o ministério de todos os que esperam por um sinal da presença de Deus no mundo.

 

Referindo-se aos casais de pessoas do mesmo sexo, a Carta Pastoral fala de “pares”. Os homossexuais católicos não são uma abstração teológica. Eu próprio sou um homossexual católico chamado ao ministério, que vive com o seu companheiro. Não somos um “par”. Rotular os casais de pessoas do mesmo sexo como “pares” provoca mágoa. Há pessoas na nossa igreja (jovens, catequistas, acólitos, escuteiros, elementos dos coros e das diversas comunidades paroquiais, sacerdotes e bispos) que Deus criou homossexuais. Todos somos pessoas!

 

A Carta Pastoral de hoje representa uma falta de coragem e de visão profética, bem como o reafirmar de princípios que provocam imensa dor às pessoas homossexuais católicas e a toda a igreja do Vaticano II. Em vez de escutarem os sinais dos tempos, os Bispos portugueses escolheram esconder-se atrás de ideias retrógradas, em vez de contemplarem imago dei nos membros homossexuais católicos do corpo de Cristo.

 

Apesar do imenso desapontamento que esta Carta Pastoral hoje nos provocou, sentimo-nos compelidos pelo Evangelho a prosseguir a nossa caminhada de fiéis homossexuais católicos, seguindo o exemplo de Jesus no amor a todas as pessoas. Iremos continuar o nosso trabalho de construir pontes de reconciliação ainda com maior intensidade, com a certeza de que Deus já resolveu este assunto.

 

Deixemos que a nossa voz continue a ser ouvida no cada vez maior número de pessoas na nossa igreja que praticam o mandamento do amor que Cristo nos legou.

publicado por: Rumos Novos - Homossexuais Católicos às 00:43

Novembro 14 2013

NOTA À IMPRENSA

Coordenação Nacional de Rumos Novos – Associação Homossexual Católica

PARA DIVULGAÇÃO IMEDIATA

 

Lisboa/ Portimão, 14 de novembro de 2013

 

A propósito da ideologia do género

Carta Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa

 

Num momento em que todo o mundo católico se debruça sobre o inquérito do Vaticano como documento preparatório do Sínodo dos Bispos, a Conferência Episcopal Portuguesa pública uma carta pastoral “A Propósito da Ideologia de Género”.

 

A Rumos Novos, enquanto local de partilha e acolhimento para os homossexuais católicos portugueses, não pode deixar de fraternalmente lamentar esta Carta Pastoral, que publicada nesta altura somente pode ter por objetivo condicionar as respostas dos católicos portugueses ao próprio questionário do Vaticano.

 

O uso de uma linguagem que esperávamos ter já visto irradiada do seio dos Bispos portugueses e a agressividade da mesma, particularmente no referente ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, somente continua a provocar a exclusão e marginalização destes fiéis no seio da igreja e acentuar a sua ferida e sensação de não-pertença ao corpo de fiéis. Entendemos que este tipo de linguagem é contrário aos ensinamentos de Jesus Cristo, pois como bem nos lembrou S. Paulo (Gálatas 3, 28): “Não há judeu, nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque TODOS sois um só em Cristo Jesus.” E ao sermos todos (heterossexuais e homossexuais) de Cristo, somos todos igualmente herdeiros segundo a promessa e esta Carta Pastoral só serve para continuar a estigmatizar, em vez de fraternalmente amar e acolher.

 

Entendemos igualmente que a hierarquia Católica, lendo os sinais dos tempos (de cuja leitura a frequentemente se esquece, ou então prefere um leitura passadista e ultrapassada), deverá sempre intervir na sociedade de que faz parte (sem nunca esquecer: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.”, Mateus 22, 22) dando o seu valioso contributo, torna-se, contudo, inadmissível que a hierarquia tente moldar a sociedade de acordo com os seus próprios parâmetros e visão, como é o caso dos comentários efetuados nesta Carta Pastoral à legislação que aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Mais inadmissível ainda, porquanto, se trata de uma tentativa de ingerência numa esfera que não é a sua, não com o intuito de contribuir, mas de a moldar ao seu pensamento.

 

É verdade que o casamento entre pessoas do mesmo sexo, particularmente aquele entre fiéis homossexuais católicos, levanta uma questão crucial para a igreja, pois a sua aceitação implica uma mudança radical no modo como esta entende a sexualidade humana, toda ela, e o casamento. Infelizmente, para nós, torna-se perfeitamente claro que, mais uma vez, a Conferência Episcopal Portuguesa não está na disposição de enfrentar estas questões, apesar da abertura pastoral que o Papa Francisco tem demonstrado. E continua, antes, determinada em reafirmar vezes sem conta aquela que tem sido a posição da igreja católica, pelos menos desde o concílio de Trento, de que a orientação homossexual, incluindo o casamento entre pessoas do mesmo sexo, não é natural e deve ser combatida, como o afirmou o arcebispo Cordileone, através de um campanha forte para “catequizar os católicos sobre o casamento”, que mais não é o que pretende fazer esta Carta Pastoral.

 

Esta Carta Pastoral ao repetir a ideia de que são sem compromisso as uniões pecaminosas entre pessoas do mesmo sexo e manter o incitamento para que o legislador faça tudo o que estiver ao seu alcance para as tornar ilegais continua a isolar-se do futuro, como sempre esteve em relação aos métodos anticoncecionais que, como o demonstram as sondagens, são utilizados pela esmagadora maioria dos católicos.

 

O facto importante que esta Carta Pastoral esquece é que as uniões entre homossexuais são visíveis e públicas devido à sua própria natureza. As pessoas católicas que vivem nestas uniões, têm famílias, amigos e conhecidos que têm estado e estarão cada vez mais desligados da igreja, devido à rejeição desta em relação à orientação sexual dos seus filhos e filhas, que conhecem e amam. Os dados do abandono serão certamente bem mais graves do que os que se seguiram à condenação da contraceção por parte do Papa Paulo VI.

 

Esta Carta Pastoral na sua linguagem repetida e gasta mais não faz do que contribuir para que a igreja dos nossos netos e bisnetos seja uma igreja defensiva, leal, obediente, quase uma seita, uma espécie da pequena igreja de que o Papa Bento XVI falou nos seus ataques repetidos ao relativismo e à homossexualidade, bem longe da mensagem universal de Jesus Cristo.

 

No Rumos Novos, acreditamos que a Igreja que amamos, e a fé que professamos, pode ser bem diferente, pois cada vez mais teólogos católicos estão convencidos que a nossa teologia moral está tão cheia de incongruências e inconsistências, fundamentadas em premissas de há muito ultrapassadas, que já não serve qualquer finalidade útil.

 

Por isso, esta Carta Pastoral vai em contraciclo com o inquérito do Vaticano, que através da ação do Papa Francisco, começa a elencar quais as necessidades a serem realizadas e alteradas e como, com a orientação do Espírito Santo, uma forma radicalmente inclusiva de catolicismo pode finalmente emergir, pois como nos lembrou S. Paulo (Gálatas 5, 1): “Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes, e não vos sujeiteis outra vez ao jugo da escravidão.”

publicado por: Rumos Novos - Homossexuais Católicos às 21:19

Novembro 02 2013

NOTA À IMPRENSA

Coordenação Nacional de Rumos Novos – Homosexuais Católicos

PARA DIVULGAÇÃO IMEDIATA

 


Lisboa/ Portimão, 2 de novembro de 2013

 


Vaticano Pede aos Bispos de Todo o Mundo que Consultem os Leigos sobre o Casamento entre Pessoas do Mesmo Sexo, a Contraceção e o Divórcio

 

Vaticano

Numa atitude sem precedentes, o Vaticano acaba de pedir aos bispos de todo o mundo que perguntem aos fiéis qual a sua opinião sobre os ensinamentos da igreja no que concerne à contraceção, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e ao divórcio.

 

O arcebispo Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispo do Vaticano, pediu às conferências episcopais de cada um dos países para efetuarem a distribuição imediata do questionário e tão amplamente quanto possível, às paróquias e vicariatos, como forma de preparação do Sínodo anunciado pelo Papa Francisco, no princípio de outubro, que decorrerá entre 5 e 19 de outubro de 2014, subordinado ao tema “Desafios Pastorais da Família num Contexto de Evangelização”.

 

É com o coração cheio de júbilo que o RUMOS NOVOS, que acolhe os homossexuais católicos portugueses, recebe esta notícia. Como católicos não podemos deixar de reconhecer a atuação do Espírito Santo no seio da sua igreja, pois é a primeira vez que o Vaticano pediu tal tipo de opiniões aos católicos de base, pelo menos desde o pós-Vaticano II.

 

Esta notícia é tanto mais importante se tivermos presentes algumas posições tomadas pelo atual Papa, quando ainda era primaz da Argentina, particularmente no que se refere aos homossexuais e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Representa igualmente um forte compromisso com o Vaticano II, que desafiou a Igreja a escutar os sinais dos tempos, para poder evangelizar de forma capaz, como Cristo nos ensinou.

 

Entre as questões importantes colocadas, no que às pessoas homossexuais se refere, destacamos:

  • Existe uma lei no vosso país que reconheça as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo e que as equipare de algum modo ao casamento?
  • Qual é a atitude das pessoas e, em particular, das Igrejas em relação ao Estado, enquanto promotor das uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, e às pessoas envolvidas neste tipo de união?
  • Que atenção pastoral pode ser dada às pessoas que escolheram viver nestes tipos de união?
  • No caso das uniões entre pessoas do mesmo sexo que adotaram crianças, o que é que pode ser feito, do ponto de vista pastoral, à luz da transmissão da fé?

 

E fazemos notar uma abordagem franca, aberta e com espírito de partilha, onde finalmente a hierarquia católica não se inibe de falar de união civil, casamento entre pessoas do mesmo sexo e adoção por casais de pessoas do mesmo sexo, sem ser para os condenar.

 

Enquanto organização que diariamente trabalha no acompanhamento, oração e partilha com homossexuais católicos portugueses, o RUMOS NOVOS formula fraternalmente votos de que a Conferência Episcopal Portuguesa, saiba encontrar a melhor forma de levar este importante documento a toda a igreja nacional para que ele possa ser um verdadeiro documento de partilha e princípio da caminhada para um autêntico acolhimento de todos, unindo os muitos dons de todos os fiéis num só Espírito.

 

Fraternalmente desejamos que os Bispos portugueses sejam autenticamente encorajados pela Conferência Episcopal a realizarem esta ampla consulta dos leigos e sacerdotes. Se assim não for, teremos todos perdido uma grande oportunidade de ouvir a voz do Espírito Santo a trabalhar na Igreja. O RUMOS NOVOS encoraja todos os fiéis, particularmente os fiéis homossexuais católicos, a fazerem ouvir as suas opiniões.

 

O Vaticano, sob o pontificado do Papa Francisco, parece estar a estender a mão às pessoas da igreja, mas mais, o Vaticano está a encorajar os bispos a escutarem a voz do povo de Deus. De há muito que os católicos que apoiam aquilo que é justo e correto, bem como defendem a igualdade para as pessoas homossexuais e o seu verdadeiro acolhimento no seio da igreja e que têm encorajado a igreja a manter um diálogo em tudo o que diz respeito à sexualidade e à família, rezam pelo surgimento de uma oportunidade destas. É chegado o momento de, como homossexuais católicos, agarrarmos esta oportunidade e fazer, mais uma vez, sentir à hierarquia católica da necessidade de trabalharmos pela inclusão dos homossexuais.

 

O RUMOS NOVOS terá em campo as suas “Equipas de Religação” para poderem partilhar, com os demais irmãos, as experiências de fé dos homossexuais católicos, nas diversas dioceses e paróquias.

publicado por: Rumos Novos - Homossexuais Católicos às 23:20

Julho 15 2013

Hoje, 15 de julho, a Câmara dos Lordes (câmara alta do Parlamento britânico) aprovou uma lei que permite o casamento entre casais do mesmo sexo em Inglaterra e no País de Gales. Espera-se que a lei receba a chancela da raínha Isabel II até ao próximo dia 17 e os primeiros casamentos entre pessoas do mesmo sexo poderão realizar-se na Inglaterra e no País de Gales lá para a primavera de 2014.

 

Trata-se de um momento histórico para as pessoas homossexuais, suas famílias e amigos. Esta lei significará, pela primeira vez, que as crianças que cresçam como homossexuais na Inglaterra e no País de Gales terão plena igualdade perante a lei.

 

Os esforços irão agora concentrar-se na Escócia, de modo a que todos os homossexuais no Reino Unido gozem brevemente de uma plena igualdade perante a lei.

 

A partir do Rumos Novos endereçámos já às organizações congéneres do Reino Unido os nossos parabéns e o nosso apoio na continuação das ações necessárias para fazer avançar e concluir favoravelmente o processo na Escócia.

 

Congratulations England and Wales!



publicado por: Rumos Novos - Homossexuais Católicos às 21:51

Julho 07 2013

O casamento entre pessoas do mesmo sexo levanta uma questão complexa: como é que a Igreja Católica Apostólica Romana, nos seus ensinamentos oficiais, irá aceitar as uniões entre pessoas do mesmo sexo? Fazer isso requereria um exame monumental da abordagem profunda e tradicional da igreja em relação à sexualidade e ao casamento. É perfeitamente claro que os altos dignitários da igreja não estão na disposição de enfrentar a questão (N. T.: Como igualmente o demonstra a recente encíclica do Papa Francisco, “Lumen Fidei”). Estão, antes, determinados em reafirmar vezes sem conta aquela que tem sido a posição da igreja católica, pelos menos desde o concílio de Trento, de que a orientação homossexual, incluindo o casamento entre pessoas do mesmo sexo, não é natural e deve ser combatida, como o afirmou o arcebispo Cordileone, através de um campanha forte para “catequizar os católicos sobre o casamento”.

 

A igreja institucional tem, pois, três escolhas: primeira, frisar como sendo sem compromisso as uniões pecaminosas entre pessoas do mesmo sexo e manter o incitamento para que os governos façam tudo o que estiver ao seu alcance para as tornar ou manter ilegais; ou segunda, sair totalmente da política do casamento separando definitivamente o matrimónio (N. T.: sacramento religioso) do casamento (N. T.: contrato civil), ignorando desta forma o alegado mergulho da sociedade secular na depravação moral; ou terceira, levar a cabo uma reconsideração total da teologia moral católica, tendo como objetivo uma definição mais realista do casamento, mais de acordo com os desenvolvimentos modernos na teologia, estudos das Escrituras, descobertas da ciência e uma melhor compreensão da natureza e das relações humanas.

 

Julgo que a terceira hipótese é aquela que tem menos possibilidade de acontecer num futuro próximo. Porém, argumentaria que é a única que faz sentido. Quer a igreja opte por escolher a primeira ou a segunda ou talvez ainda uma mistura das duas, estará a isolar-se do futuro. Ao contrário do tema da contraceção, que as sondagens mostram que é utilizada pela esmagadora maioria dos jovens casais católicos na privacidade dos seus lares, as uniões entre homossexuais são visíveis e públicas devido à sua própria natureza. As pessoas que vivem nestas uniões têm famílias e amigos e conhecidos que têm estado e estarão cada vez mais desligados da igreja, devido à rejeição desta em relação às escolhas que os seus filhos e filhas, que conhecem e amam, fizeram. Os dados do abandono, penso, serão bem mais graves do que os que se seguiram à condenação da contraceção por parte do Papa Paulo VI.

 

Assim a igreja dos nossos netos e bisnetos pode ser uma igreja defensiva, leal, obediente, quase uma seita, uma espécie da pequena igreja de que o Papa Bento XVI falou nos seus ataques repetidos ao relativismo e ao secularismo. Seria uma igreja totalmente supervisionada pelo contingente de bispos e padres extremamente leais inspirados pelo Papa João Paulo II.

 

Por outro lado, a igreja do futuro pode ser completamente diferente. Muitos teólogos católicos estão convencidos que a nossa teologia moral está tão cheia de incongruências e inconsistências, fundamentadas em premissas de há muito ultrapassadas, que já não serve qualquer finalidade útil. Sugiro que é chegada a altura de uma liderança competente começar a elencar quais as necessidades a serem realizadas e alteradas e como, com a orientação do Espírito Santo, uma forma radicalmente inclusiva de catolicismo pode finalmente emergir.

 

 

Autor: Robert McClory

Tradução e adaptação: José Leote

Artigo original: National Catholic Reporter

publicado por: Rumos Novos - Homossexuais Católicos às 12:40

Abril 24 2013

Os grupos detratores do casamento homossexual alimentam o ódio homofóbico no mundo durante a aprovação de leis igualitárias

 

 

A Assembleia Nacional francesa votou a lei Taubira, que consagra o fim da discriminação contra os homossexuais no casamento. A França culmina assim um mês extraordinário no qual também o Uruguai e a Nova Zelândia ratificaram a igualdade no casamento. O Reino Unido encontra-se em pleno processo (a Escócia iniciou o seu próprio) e outros quatro Estados europeus (Alemanha, Andorra, Finlândia e Irlanda) estão dispostos a abrir o debate. Os parlamentos da Colômbia e do Nepal devem aprovar uma lei de acordo com o critério dos respetivos Tribunais Constitucionais. Nos Estados Unidos e em Taiwan os tribunais devem pronunciar-se sobre a proibição de casamentos entre pessoas do mesmo sexo, num contexto de uma opinião pública claramente favorável (58% dos norte-americanos e 75% dos taiwaneses, segundo as sondagens). Antes deste mês de abril, a igualdade no casamento existia já em 12 países e em duas dezenas de estados dos Estados Unidos, Brasil e México. Nesta primavera extraordinária assistimos a uma aceleração em direção à igualdade.

 

Não faltam motivos de regozijo para os partidários dos direitos para todos. Contudo, convém não perder de vista a reação originada pelo avanço. Em França viveu-se nas últimas semanas uma banalização do discurso homofóbico, tendo inclusive ocorrido ataques violentos em Bordéus, Lille e Paris. Os opositores da igualdade no casamento usaram um vasto reportório de formas de protesto. Para o seu esforço online apoiaram-se na tecnologia proporcionada pela Opus Fidelis, um grupo cristão que trabalha para a Organização Nacional do Casamento, dos Estados Unidos. Esta organização encontra-se empenhada na criação de uma Organização Internacional para o Casamento (leia-se, contra o casamento homossexual), uma autêntica Internacional da Discriminação, que se está a preparar para influenciar os debates em países como a Irlanda.

 

Em África expande-se uma cruzada que denuncia a homossexualidade como uma importação ocidental. No entanto, o que está a ser importado é a homofobia radical dos fundamentalistas cristãos norte-americanos que veem em África melhores oportunidades que as existentes no seu próprio país. O caso mais conhecido é o do Uganda, na sequência da denúncia do pregador evangelista norte-americano Scott Lively pela sua contribuição para uma histeria anti-homossexual, que inclui propostas parlamentares para aplicar a pena de morte aos homossexuais e a publicação num jornal de nomes, fotografias e endereços de pessoas supostamente homossexuais, com a legenda «Pendurem-nos!». Logo após essa publicação, David Kato, ativista abertamente homossexual, foi assassinado. Grupos norte-americanos de inspiração evangélica, mórmon e católica financiam a atividade política contra os direitos dos homossexuais, como o vinham fazendo contra os direitos sexuais e reprodutivos em toda a África. Os presidentes do Zimbabué, Zâmbia e Uganda deram-lhes as boas vindas, aproveitando para acusar as suas respetivas oposições de promoverem a homossexualidade.

 

Estes mesmos pregadores norte-americanos esforçam-se também por influenciar os debates legislativos em países como a Letónia ou a Moldávia. No centro e no leste da Europa, o desencanto com o projeto europeu propiciou um ressurgimento nacional-populista que põe em causa os avanços na luta contra a discriminação obtidos durante o processo de pré-adesão, graças à pressão de Bruxelas. Víctor Orbán primeiro-ministro húngaro e paladino da causa nacional-conservadora, promoveu a constitucionalização da discriminação no casamento na Hungria e vangloria-se da sua defesa de uma Europa baseada em valores cristãos, com o apoio da direita mais conservadora do continente.

 

As primeiras tentativas para acabar com a discriminação no casamento, já lá vão duas décadas, resultaram numa mobilização contrária por parte do integrismo religioso nos EUA. Com os sucessos da última década em prol da igualdade na Europa, EUA, África do Sul e América Latina, a ofensiva discriminatória globalizou-se. O constante ataque contra os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, liderado pelas hierarquias eclesiásticas, em particular o Vaticano, assinala o caminho a este virtual Eixo da Discriminação. Na tentativa de parar os avanços históricos da igualdade, os detratores dos direitos das pessoas homossexuais alimentam um ódio homofóbico que destrói vidas e famílias, condenando milhões de pessoas a uma existência baseada no medo e no sofrimento. Contudo pouco importa este sofrimento humano aos que, em nome do seu dogma, tanto se esforçam por privar a milhões o direito de decidir a sua própria sexualidade e maternidade. Convém não ignorar a sua capacidade para envenenar o debate e a convivência entre cidadãos, como fizeram em França. Porém, a melhor resposta à sua agressão é manter firme o rumo em direção à plena igualdade de direitos.

 

 

Fonte: El País

Tradução e adaptação: José Leote

publicado por: Rumos Novos - Homossexuais Católicos às 11:39

Abril 23 2013
Casamento para Todos

«Às cinco e cinco deste dia 23 de abril de 2013, a Assembleia Nacional aprova o casamento entre pessoas do mesmo sexo», disse solenemente o presidente da camâra legislativa gaulesa, Claude Bartone. Metade do hemiciclo rompeu em aplausos. Com 331 votos a favor, a França aprova definitivamente o projeto de lei que permitirá o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a adoção por casais do mesmo sexo.

 

A igualdade das uniões legais encontrou a oposição de 225 representantes. A direita francesa anunciou já que irá recorrer para o Conselho Constitucional, que deverá pronunciar-se nas próximas semanas, antes da entrada em vigor da lei, prevista para os próximos meses.

 

A França converteu-se, assim, no 14.º país a autorizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo (o nono na Europa), opção que se abriu em 2001 na Holanda e que posteriormente foi adotada na Bélgica, Espanha, Canadá, África do Sul, Noruega, Suécia, Portugal, Argentina, Islândia e Dinamarca.

 

O Uruguai e a Nova Zelândia juntaram-se este ano e o Reino Unido tem muito avançado o trâmite parlamentar para se juntar ao grupo, onde já estão igualmente uma dezena dos estados dos Estados Unidos, alguns do Brasil e do México.

 

Os deputados dão assim luz verde a uma lei polémica e impulsionada pelo presidente socialista, François Hollande, e que provocou uma intensa reação de protesto entre os seus detratores, que se foram radicalizando à medida que decorria o debate parlamentar.

 

Às múltiplas manifestações que aconteceram nos últimos dias, há que adicionar alguns incidentes, como a carta com pólvora que recebeu ontem o presidente da Assembleia, a perseguição que sofreram alguns ministros, em suas casas ou em cerimónias públicas e algumas agressões a homossexuais e a jornalistas favoráveis à mudança legislativa.

 

Se isto já não bastasse, os que se opõem a que se autorize o casamento entre pessoas do mesmo sexo convocaram já uma nova concentração para o próximo dia 5, véspera do aniversário da eleição de François Hollande como presidente, e outra para o dia 26 de maio, dia da mãe em França.

 

Os conservadores da UMP, por seu lado, anunciaram que irão recorrer do texto perante o Conselho Constitucional e que, se ganharem as eleições previstas para 2017, convocarão um referendo sobre o assunto.

 

PARABÉNS FRANÇA!

 

Fonte:  El Diaro (Espanha)

Tradução e adaptação: José Leote

publicado por: Rumos Novos - Homossexuais Católicos às 17:43

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